Neste novo ano,
que sejamos todos artistas.
Vislumbrando menos guerras, menos problemas
e agindo menos ruídos, mais conexão.


Que cada um faça bem o seu papel:
tenhamos a sabedoria de sermos ecologicamente sustentáveis
nos expressando quando fôr necessário,
calando quando o que teríamos a falar já foi falado e que então só resta fazer.


Que nos tornemos mais e mais conscientes
de que na verdade o que somos mesmo é irmãos de caminhada,
E que o melhor é sermos gentis de coração!


Que raças e religiões, governos e países possam se unir
Que possam se unir!
Como expansão da doçura, compaixão, compreensão presentes em cada ser.


Que nos apercebamos da grande festa que é estar com o outro
Como no teatro, que só acontece porque é compartilhar.
E então que ao olharmos nos olhos uns dos outros
que o subtexto mais forte seja:
estamos vivos agora, dividindo este momento agora!


Que, atores alquímicos de todas as áreas de conhecimento da humanidade,
transformemos sombra em Luz, feiúra em beleza, tristeza em felicidade,
depressão em serviço ao Todo.


Bom natal e um afetuoso abraço!


Grupo Teatro Ritual,
dezembro de 2010

Palhaço...clown...ator? Dúvidas cruéis...certezas duvidosas...

Como o Teatro Ritual está em processo de montagem de “Qqiss?!”, espetáculo de palhaços, aproveito o ensejo para falar da minha convivência com essa história de palhaço.
Neste ano ela recomeçou com a oficina de Pepe Nuñez, palhaço que veio dar um curso em Goiânia através do Grupo Bastet. Pepe sempre fazia as rodas de conversa no início de cada dia. Lembro-me que teve um em que surgiu a polêmica:
O palhaço pode ser ator?
O ator pode ser palhaço?
Um dos participantes já sofrendo muito: mas eu quero continuar sendo ator, eu não quero ser só palhaço!

Confesso que eu também sempre tive as minhas dúvidas. E também certezas duvidosas. Por exemplo em relação à diferença entre palhaço e clown. Na minha época como estudante de artes cênicas, eu reverenciava o trabalho de Luís Otávio Burnier e os clowns de Ricardo Pucceti e de Simione. Para mim, estes eram os verdadeiros clowns nascidos da tradição francesa. Ora, Burnier havia desde os 17 anos viajado para a Europa. Lá estudou por exemplo a mímica de Ettiène Decroux e trouxera consigo uma bagagem inclusive de preparação de clowns.
Falava-se da diferença entre o palhaço e o clown e o que eu guardara comigo é que o palhaço brasileiro e o palhaço de circo teriam mais a ver com o bufão, enquanto que o clown era mais lírico e que o pretendente a ser clown deveria expôr as suas dificuldades pessoais, as suas fragilidades, senão não teria sucesso, ou melhor, não fracassaria para ser amado. Seria um bom objetivo de vida, valeria a pena ficar horas treinando para tal...Não devia ser à toa que Ricardo e Simione passavam horas infindáveis trabalhando em sala.
Em determinado momento comecei a me interessar pelo clown trágico. Começou assim: em meio à lista de filmes que o Ricardo Pucceti indicava para a pesquisa do clown, eu assistira “O homem da linha” (http://www.youtube.com/watch?v=pOevVj9IwXE ) e “ O ilusionista” (http://www.youtube.com/watch?v=9un7Y6n8hdo ), filmes com clowns franceses. Sim, eu já havia assistido grande parte do resto da lista com Gordo e o Magro, Jacques Tati, Julieta Masina...Ficara dias detida diante dos filmes de Chaplin em câmera lenta para conseguir ter maior dimensão de quem era esse gênio – e então me deparei com “O ilusionista”. Choque inesquecível.
Lembro que numa cena dentro do Hospital Psiquiátrico, havia uma pessoa parecida com um médico lendo um livro numa mesa. Ao lado, um quadro de Freud. De repente o médico se revela paciente e ataca com facadas o quadro de Freud. Neste filme os clowns não usavam nariz vermelho, mas os personagens em geral poderiam ser caracterizados como clowns. No início do filme, o picadeiro - de que Burnier falava em sua pesquisa acadêmica e tão comentado quando se falava a respeito dos retiros de clown com o Lume – se abria quando o clown, depois de se maquiar, abre uma porta e dá de cara com o público grotesco do circo esperando para rir. No entanto, quando o clown pega o microfone, este falha. Em outra cena, o clown mata a própria mãe sem saber, quando resolve fazer a brincadeira da velha caixa de facas circense.
Em meio aos filmes escolhia obras de Beckett para fazer meu trabalho escrito. Havia ouvido falar que o teatro do absurdo de Beckett continha personagens e situações clownescas.Já havia lido “Esperando Godot” para a minha prova de aptidão e naquele outro momento podia rever novas situações clownescas para o sapato e o chapéu. A fragilidade graçava naqueles seres do pós-guerra de Beckett: pobreza, esquecimento, impossibilidade de comunicação entre seres humanos na linguagem estruturada em trocadilhos que não levava a lugar algum. O nonsense presente na sociedade pós-guerra: uma outra perspectiva para o clown.
Estava tão impregnada de todas essas coisas que lembro vividamente do dia em que assisti a um espetáculo de Ricardo e Simione, só os dois com seus clowns. Comecei a ver naquele espetáculo de clowns toda uma tragicidade: a efemeridade da vida, as pessoas reveladas através dos clowns e no que eram mais frágeis, a incomunicabilidade entre os seres...Na época, que eu me lembre, Burnier havia falecido há pouco tempo. Genial! Sensível! Autêntico! Quase um espetáculo psicológico a considerar pelas ações e reações daqueles dois! O clown, o palhaço lírico, se concretizava naquele espetáculo, naqueles caras.
As pessoas em volta em grande parte riam, enquanto eu chorava bastante e emocionada me encaminhava para o camarim para parabenizá-los. Me sentia privilegiada por ter presenciado aquilo e mesmo que a minha imaginação tivesse levado tão longe em interpretações das quais eles nem faziam idéia, percebi que isso também só acontecera porque havia um espaço ali que eu podia preencher e que cada um dos espectadores deve ter preenchido a seu modo.
Se é possível ser ator e ser palhaço? É mesmo, havia essa questão...


Andrea Pita

Oficina de Butoh com o Teatro Ritual

Oficina de Butoh com o Teatro Ritual

Não foi muito tempo, mas foi interessante ter um gostinho do Butoh,
uma dança japonesa que foi pesquisada pelo Teatro Ritual para a
criação da Trilogia Travessia.
A oficina aconteceu nos dias 21 e 22 de agosto de 2010. As pessoas
presentes tiveram oportunidade de experienciar exercícios de Joan
Laage, Natsu Nakagima, Tadashi Endo e Yoshito Ohno, mestres com os
quais o Teatro Ritual fez cursos e conviveu.
Na oficina, a princípio Nando deu uma localizada no que era o Butoh.
Depois da segunda guerra mundial, com a explosão das bombas atômicas
no Japão, este teve que se entregar aos aliados, havendo uma abertura
forçada para o ocidente. Kazuo Ohno e Hijikata foram dois japoneses
que viajaram pela Europa após a guerra, onde tiveram contato com as
vanguardas artísticas. A experiência viva da guerra e este intercâmbio
artístico teriam desencadeado a criação do Butoh, que a princípio era
apresentado nas ruas e diante de bares.
Se o Butoh tem uma técnica específica? Pablo explica que não, mas que
Natsu Nakagima dava exercícios muito técnicos. Quadris, joelhos
flexionados, andar quase sem tirar o pé do chão, o olhar morto,
encaixe da coluna na báscula. Pablo continua dizendo que não existiria
uma técnica para aprender a dança, pois trata-se de uma dança pessoal,
mas há toda uma tradição por trás, que não é possível esquecer que seu
nascimento se deu no mesmo berço do Teatro Nô e do Kyogen,
absolutamente rigorosos em termos corporais.
De qualquer forma, a preparação corporal no Butoh é importantíssima já
que é uma dança que muitas vezes parece conter um silêncio em termos
de movimento. Eugênio Barba, ao falar do Teatro Antropológico,
menciona um importante princípio de muitos teatros orientais: quanto
mais movimento menos energia, quanto mais energia menos movimento. No
Butoh, quando o movimento é micromuscular, o bailarino/performer parece estar
parado mas exala movimento e energia. Isto lembra que fazer do modo
mais difícil, do modo que dê mais trabalho para o bailarino/performer é o modo
mais eficiente de atingir o estado do Butoh. Como não se enganar, eis
a missão difícil, e por que não, prazeiroza, pois a sensação final é a
de missão cumprida.
E no entanto, não há uma técnica específica. Basta ver Kazuo Ohno em
alguns vídeos para cinema em que ele dança ignorando essas qualidades.
Na oficina, houveram alguns exercícios que remetiam a essa liberdade,
como por exemplo exercícios que se serviam do imaginário. Um deles foi
imaginar-se como uma criança num jardim repleto de flores, primeiro
como criança, depois como se você fosse o jardim, flores com olhos por
todo o corpo ou vermes e pedras...quantas camadas de seres nós fomos e
somos?
A racionalidade desiste de dominar e a técnica parece se plasmar
num intenso atravessamento de camadas do inconsciente.


Andrea Pita.

"O butô trilha um caminho que tenta romper com o enfrentamento de si e se entrega à força do corpo próprio. É uma busca pelo reencontro com um corpo perdido, um corpo que deseja ser ele mesmo, não mais rejeitado e saqueado." Kayo Mikami (2003)

No penúltimo dia de workshop com Natsu Nakajima, no momento de improvisação experimentei coisas movimentos permeados com ações que de alguma forma mexeram com meu intimo mais profundo, me tirando de racionalidade cotidiana e me transportando para um mundo um estado que eu não conhecia em mim, meu corpo sendo ele mesmo dançando o que ele queria. Minha racionalidade como ser humano que pensa ficou a margem para deixar meu corpo dançar e ser. A única coisa que minha racionalidade me fazia me manter ligada era em não deixar esse estado se esvair, deixar esse estado acionado para continuar improvisando os movimentos e as ações que apareciam. Criei uma história particular para poder relembrar o estado as ações e os movimentos que fiz naquele dia, pois, essa técnica de criar histórias, dar nomes as ações e etc... me ajuda a relembrar as coisas que improviso sempre que preciso. Dividirei com vocês a história que criei neste dia.

“Era uma moça jovem que lavava suas roupas na beira do rio. Até que um dia um rapaz se aproximou dela, ela tímida agachada somente troca olhares com esse rapaz e um dia se entrega a esse Rapaz.
Não estava preparada nem para o amor nem para a morte.
O Rapaz a abandonou e ela sozinha abandonada decide se matar”
Dancei nesse dia o se matando, o estar morrendo.

Ilka Portela

Inspirações na Travessia...

No decorrer dessa Travessia que nós do Grupo Teatro Ritual estamos percorrendo, trabalhos maravilhosos e aprendizados preciosos estão surgindo a cada dia. Dentre as fontes de inspiração que contriburam para que isto ocorra, está o intercâmbio que realizamos com a dançarina americana Joan Lagge, em Seattle, nos EUA. Quero compartilhar aqui um pequeno texto das impressões que tive com um dos trabalhos realizados lá:

Exercício da pedra:
 A pedra é o elemento que mais vive e irá viver na face da terra. Apesar de sempre estar no mesmo lugar (se não houver alguma interferência exterior), ela sempre está em transformação, de acordo com o ambiente em que se encontra, o tempo e os outros seres e elementos que a cercam. O corpo do butoh, é como essa pedra, não precisa fazer coisas para se transformar, somente estar a mercê do que vem exteriormente e interiormente. Há também o musgo que cobre essa pedra em certas partes do planeta. O musgo é um elemento vivo, que se alimenta e reproduz. Esse musgo causa interferências na pedra, que muda completamente sua transformação natural. Joan pediu para que dançássemos essa pedra em transformação, com todo o seu peso e tensão. E pediu para que percebêssemos, qual era a sensação de ter percorrido tempos e tempos a fio, carregando todas as lembranças do mundo em seu corpo. Vendo os ancestrais dos ancestrais nascerem e morrerem. Passando por todas as alegrias, tristezas e outros sentimentos que talvez somente elas conheçam. Em algum dos dias que fiz, não me recordo qual, consegui sentir meu corpo todo tensionado, uma sensação de que meus poros estavam mais sensíveis que tudo e percebiam todos os movimentos a sua volta, e a qualquer toque sentia um prazer e uma dor incalculáveis, como se vários falos estivessem entrando em cada um deles. Demorei um pouco para chegar a esse estado, todas as vezes que fazia o exercício somente mergulhava em minha imaginação, e fazia o que imaginava, não dançava as sensações do nada, do não saber o que é a vida de uma pedra no entanto, ser essa pedra. Logo depois Joan pedia para que sentíssemos o musgo que cobria a pedra. Como e seria ter uma vida em cima de mim, fazendo parte de mim, me trazendo outras sensações e prazeres, como dois amantes. A coisa fica mais leve nesse momento, ao menos para mim. Ao invés de sentir a paixão queimando meu corpo, passei a sentir o amor refrescando minha alma. Algo fresco que se espalhava por todo meu corpo e ao mesmo tempo áspero. Corria as mãos por minha pele e sentia que havia me transformado em um monstro, por fora. Após esse momento, do musgo, tentávamos estabelecer relações entre uns e outros, trocando as pedras que carregávamos em nossas mãos. A cada pedra que passava por mim, sentia o calor que o outro havia deixado, daí eu já não era mais a pedra, mas as sensações que ela sentia. Algumas vezes sentia o grupo um pouco disperso e logo me dispersava também. Formávamos um bolo que se transmutava a cada segundo. Um bolo de gente.

Ass: Jô de Oliveira

A PRIMEIRA VISITA AO TEMPLO

Estamos em Tokyo, no Japao, terra dos templos e santuários, dos heróis e Shoguns, do que é milenar e do que ainda será, tudo aqui onde o sol se esconde impressiona. Faz calor, é verão, o pouco ar que circula cheira a peixe...o suor das gueixas espremidas no metro cheira a peixe, o executivo cansado voltando pra casa no ultimo trem cheira a peixe, aos poucos a gente vai se acostumando, a gente vai se acostumando ao silencio quase que absoluto deste povo, para eles o silencio não parece ser algo desconfortável, silencio nas ruas, no metro lotado, nos bares, feiras, no taxi...sempre muito silencio, se ouve o som do estomago roncando atravessando as ruas da Ginza, é um silencio secular, curiosamente coletivo.Coletiva também é a noção de organização, numa cidade tão pequena para tantos habitantes, a organização não é luxo é vital, uma necessidade diretamente ligada a sobrevivência.
O panda do Zoo no parque Ueno está morto, os imperadores também morreram, dos ninjas e samurais restaram apenas peças de vestimentas nos museus.É um povo extremamente ligado a ancestralidade mas que não parece ter medo de caminhar para o futuro. O prédio milenar do teatro Kabuki-za foi recentemente demolido para dar lugar a um gigantesco arranha-céu, mas com orgulho eles declaram “Lá no ultimo andar será o novo teatro, que preservará algumas peças da arquitetura do prédio original.”
Ainda se vêem mulheres e homens vestidos com quimonos e sandálias de palha pelas ruas, misturados aos executivos em terno e gravata, as colegiais de saias pregueadas e meia três quartos, aos new punks e as lolitas com roupas “infantosexys”, aliás o sexo está em toda parte, sexo e consumismo se misturam a todo momento, é moda. No entanto a pornografia é censurada, vem com tarjas borrando os órgãos sexuais, numa estranha tentativa de castração. Sushi quase não se come, é coisa de ocidental, como o natal, andar de sapato dentro de casa, comer de garfo e faca, chegar quinze minutos atrasado, colocar sal na comida e adoçar o chá.
É um povo saudável, na maioria magro mas bem nutrido, de contornos fortes .
Entre todas as riquezas e diversidades deste berço oriental, a que mais nos impressionou não foram os santuários nem os templos budistas, mas sim o templo do “Ultimo Imperador da dança”. Foram quase duas horas de baldeações entre trens e metros para chegar de Tokyo a pequena estação de Kami-hashikawa na cidade de Yokohama, não demora a se perceber que as intenções turísticas vão ficando para trás, as placas indicativas não são bilíngües, o comercio já se faz mais discreto e as pessoas se comportam um pouco mais provincianamente. Escadarias grandes como se imagina que deveriam ser as da igreja do Bonfim, muitos degraus em ruas estreitas construídas morro acima, como as dos morros do Rio, mas pavimentadas, saneadas e abertas para você se perder tranquilamente em segurança as sete horas da noite. Se perder parece ser essencial para se encontrar ali, um mapa que lembra um mapa do tesouro. Encontrar o lugar parece o primeiro teste.E que tesouros poderiam estar ali tão bem escondidos. Lá bem no alto do morro , quase no fim da gigantesca escadaria, a direita de quem sobe, está a casa sem muros, com uma discretíssima placa escondida entre os arbustos indicando: “ Kazuo Ohno Studio“. Uma luz fraquinha na porta que batemos e uma voz que depois fomos saber se tratar do próprio Yoshito Ohno nos indicando que precisávamos continuar subindo, outra escada...e lá bem no alto no morro do morro estava o humilde templo.
No lugar de coroas e espadas, vestidos e flores, fotos, livros e adereços organizadamente amontoados e uma energia, mas uma energia indescritível. A sensação de estar diante do mestre. Sim estávamos ali, eu e Nando na sala onde provavelmente foram criadas as mais belas expressões da história do Butoh.
Yoshito logo chega para dar início ao trabalho do dia. Sua primeira indicação é para olharmos o espaço, não com os olhos, mas sim com o coração, as flores então começam a desabrochar e as pétalas uma a uma levadas ao vento. Poesia pura, lições a respeito das belezas orientais: a neve, as flores e a lua, belezas efêmeras que desaparecem de acordo com as estações do ano, elementos que se vão pouco a pouco num ciclo vital...como se foi Kazuo Ohno, o ultimo imperador da dança. Algumas horas depois o trabalho termina e a gente desce a escadaria quase correndo para não perder o trem de volta, cheios, carregados de inspirações e desejos, rumo ao descanso para no dia seguinte continuar juntos nossa jornada, nossa travessia.

Não importa o tamanho da montanha ela não pode tapar o sol!

04:37 Postado por . 0 comentários
É assim que estamos, subindo a montanha na direção do sol, enfrentando chuvas, tempestade, frio, sol e calor mas sempre ADELANTE uns segurando nas mãos os outros, juntos, unidos, enfrentando mais uma batalha, lutando com nossas espadas de flores, em busca de novas sementes para formarmos o nosso diversificado jardim recebendo as sementes frescas dos grandes mestres, semeando-as com força de vontade e aguando-as com suor.

Ilka Portela sobre o trabalho no Japão.

PARABÉNS, TEATRO RITUAL!
E passamos por mais um Encontro de Atores-Criadores. Este ano na sua sexta
versão, já aconteceu de tudo nos outros anos: mostras de grupos de fora, homenagens a
grupos do estado, oficinas buscando intercâmbio artístico e até orientação do
empresariado sobre investimentos em projetos culturais.
Esse pessoal do Teatro Ritual é muito inquieto, é o que o diga Nando Rocha,
batalhador diário na estruturação do grupo e do trabalho a curto, médio e longo prazo.
Nando às vezes parece captar os talentos e os direcionar, e às vezes parece ir onde é a
fragilidade e dizer, você tem que aprender a fazer isso. Pablo com suas soluções
mediadoras e sábias e sempre pronto para o trabalho. Ilka a que se dispõe a se
comunicar com todos e a salvar a coisa onde quer que ela esteja. Jô que sai arrumando,
organizando, e dando ordem na casa e em quem estiver parado. E o grupo vai junto,
sempre acreditando, cada um com suas qualidades específicas também no trabalho de
ator.
Tenho sorte por poder sentir de perto essa busca constante e esse ambiente
aconchegante...de afeto, de amor. Briga todo mundo briga, até mesmo para resistir. Acho
mesmo que um dos lemas mais importantes do grupo é esse: Resistência!
Resistir muitas vezes não é bater de frente, é ir andando como a água, passando
por entre, ao redor...CRIATIVAMENTE...talvez por caminhos não antes trilhados. Mesmo
que o outro resista em ser amado, eu resisto a isso. E é um amor pela cidade, um amor
pelos colegas, uma vontade louca de compartilhar!
Parabéns, Teatro Ritual, por tudo!
Andrea Pita
ATOR-CRIADOR
Ator-criador me remete primeiro à Commedia dell´Arte. Diz-se que é o primeiro
momento na história em que há a profissionalização do ator. Ele vive disso e pronto.
Quem assistiu “A viagem do Capitão Tornado” de Ettore Scola, história de uma
troupe de Commedia dell´arte que perambula pela Europa, percebe o quanto a vida se
misturava com a arte e que os atores criavam repertório corporal, vocal e de piadas,
chistes e gags para as apresentações durante as longas viagens de carroça.
Lembro-me de Tiche Vianna na Unicamp falando desse momento quase lendário
que aconteceu nas feiras do século XV. O cara deixa de vender alimentos ou objetos e
passa a vender a si próprio, a sua habilidade com malabarismo, com acrobacia, de fazer
rir ... e sempre dar um jeito de chamar mais atenção que o outro da carroça ao lado. Daí a
arte – técnica - tinha de ficar cada vez mais interessante. E tinha de ser aprimorada, o que
levava tempo, levava a vida. A arte é longa, a vida é breve.
E dizem q determinadas famílias guardavam a 7 chaves os segredos da Commedia
italiana. Como nas famílias circenses, passava-se este saber, este conhecimento de pai
para filho. Talvez Dario Fo não fosse Dario Fo sem ter se casado com Franca Rame,
herdeira de uma dessas famílias dell´Arte. E não é que ele ganhou o Prêmio Nobel de
literatura com o livro “Manual Mínimo do Ator”, no qual ora fala das especificidades de
Pulcinella, ora descreve um lazzo, ora põe artifícios da Commedia em personagens de
outra procedência?
Dario Fo conseguiu através do livro tornar mais acessível aquele modus operandi,
ao qual não se chega somente através de roteiros nem de descrições psico-corporais de
tipos como Arlecchinno, Brighella, Pantallone...Afinal foram anos, séculos de construção
de conhecimento. Improvisações sobre improvisações, coleta de repertório, descoberta
dos momentos exatos de funcionamento das piadas, o risível onde não se imaginava, a
criação a partir do que deu errado – quem se lembra do momento de estréia do novo
Capitão Tornado no filme?
Os atores da Commedia não criavam numa sala de ensaio como hoje, mas no dia-
a-dia da vida andante. E roteiros e textos são simplórios diante de todo o arsenal técnico
de comicidade que eles desenvolveram. Penso que este pode ser considerado um tempo
mítico para os atores-criadores.
Andrea Pita
VI ENCONTRO DE ATORES-CRIADORES E EDUARDO OKAMOTO
Este ano o VI Encontro de Atores-Criadores fez uma parceria com Eduardo
Okamoto através do projeto “10 Anos por uma Escrita do Corpo”.
Indicado ao Prêmio Shell 2009 como Melhor Ator, seus espetáculos foram
apresentados em diversas cidades do país e também no exterior: Espanha, Suíça,
Kosovo, Marrocos. Mestre e doutor pela Unicamp, consegue aliar uma importante vida
artística com rigorosa reflexão intelectual a partir de uma pesquisa empírica de ator-
criador.
Okamoto já havia participado de outro encontro com espetáculo, mas este ano ele
trouxe 3 espetáculos, dois como ator e um como diretor, fez uma palestra-demonstração e
deu um workshop na Faculdade de Artes Cênicas da UFG.
Andrea Pita

Encontro de Atores Criadores

Como na próxima semana haverá o VI Encontro de Atores Criadores organizado pelo Teatro Ritual, aproveito para postar uns textos sobre e para o ATOR.

Avante, nos entreguemos aos questionamentos e quem quiser, que invente outro...



É ator para todos os gostos!


POR QUE CADA ATOR É ÚNICO?
“Cada ator é fruto de um processo histórico e social,
é um ser único, alguém que dialoga com a sua realidade e com as referências que foram
construídas ao longo de suas experiências de vida”. (Robson Carlos Haderchpek)



QUE TIPO DE ARTISTA É UM ATOR? QUE TIPO DE ATOR É UM ARTISTA?
“A composição do personagem é um jogo de criação que aproxima o trabalho do ator ao do
artista, porque compor um personagem implica escolha, observação, procura, inspiração, controle”. (Jean Villar)


AQUELE QUE GOSTARIA DE SER TANTAS COISAS, FRÍVOLO APAIXONADO...
“Ser ator é ser superficial profundamente”(Fernanda Torres em entrevista recente)


RESPEITO À OBRA COMO UM TODO E À NATUREZA
OU HISTRIONISMO ACIMA DE TUDO?
“Tem a bondade de dizer aquele trecho do jeito que eu ensinei, com naturalidade. Se encheres a boca, como costumam fazer muitos dos nossos atores, preferiria ouvir meus versos recitados pelo pregoeiro público. Não te ponhas a serrar o ar com as mãos, desta maneira; sê temperado nos gestos, por que até mesmo na torrente e na tempestade - direi melhor - no turbilhão das paixões, é de mister moderação para torná-las maleáveis. Dói-me até ao fundo da alma ver um latagão de cabeleira reduzir a frangalhos uma paixão, a verdadeiros trapos, trovejar no ouvido dos assistentes, que, na maioria, só apreciam barulho e pantomima sem significado. Dá gana de açoitar o indivíduo que se põe a exagerar no papel de Termagante e que pretende ser mais Herodes do que ele próprio. Por favor, evita isso.
Também não é preciso ser mole demais; que a discrição te sirva de guia; acomoda o gesto à palavra e a palavra ao gesto, tendo sempre em mira não ultrapassar a modéstia da natureza, porque o exagero é contrário aos propósitos da representação, cuja finalidade sempre foi, e continuará sendo, como que apresentar o espelho à natureza; mostrando à virtude suas próprias feições, à ignomínia sua imagem e ao corpo e idade do tempo a impressão de sua forma. O exagero ou o descuido, no ato de representar, podem provocar riso aos ignorantes, mas causam enfado às pessoas judiciosas, cuja censura deve pesar mais em tua apreciação do que os aplausos de quantos enchem o teatro. Oh! Já vi serem calorosamente elogiados atores que, para falar com certa irreverência, nem na voz nem no porte mostravam nada de cristãos, ou de pagãos, ou de homens sequer, e que de tal forma rugiam e se pavoneavam, que eu ficava a imaginar terem sido eles criados por algum aprendiz da natureza, e pessimamente criados, tão abominável era a maneira por que imitavam a humanidade.
Faze uma reforma radical! Que os truões não digam mais do que aquilo que lhes compete, pois há deles que vão a ponto de rir, somente para provocarem riso aos parvos, até mesmo em passagens com algo merecedor de atenção. É sobremaneira vergonhoso revelar ambição estúpida por parte de quem se vale de semelhante recurso. Vai aprontar-te. (Hamlet falando aos atores, de William Shakespeare)

TRATA-SE DE UM PAPEL QUE MUDA DURANTE A HISTÓRIA?
“Intercessor entre o mundo da tragédia e a experiência das novas classes
ávidas de poder, mestre dos divertimentos dos príncipes e dos prazeres dos
reis, servidor incondicional dos públicos, modelo de paixões comunicáveis
mas longínquas, ídolo voluntariamente complacente, oficiante de uma arte
adaptada às proporções da existência cotidiana, criatura de uma participação
ativa que realiza uma fusão das consciências – o comediante muda de papel
com os tipos de sociedade. E não mudam somente o seu papel e a sua
função, mas muda também a substância humana”.( Jean Duvignaud )


SAGRADO OU PROFANO?
"O Teatro é um templo, onde o altar é o palco e o ator é o sacerdote; e onde a arte cênica é reverenciada através do aplauso dos fiéis espectadores"
(Dilson de Oliveira Nunes )


DEIDADE OU HUMANIDADE?
“Vocês, artistas, que fazem teatro em grandes casas, sob a luz de sóis postiços, ante a platéia em silêncio, observem de vez em quando esse teatro que tem na rua o seu palco: cotidiano, multifacetário, inglório, mas tão vivido e terrestre, feito da vida em comum dos homens – esse teatro que tem na rua o seu palco. (...) Oxalá possam vocês, artistas maiores, imitadores exímios, não ficar nisso abaixo deles! Não se afastarem, por mais que se aperfeiçoem na arte, desse teatro que tem na rua o seu palco!” (Brecht)

É UM ACUMULAR OU UM DEIXAR PARA TRÁS? É BUSCAR O NOVO OU RETORNAR ?
“Não educamos um ator, em nosso teatro, ensinando-lhe alguma coisa:
tentamos eliminar a resistência de seu organismo a este processo psíquico. O
resultado é a eliminação do lapso de tempo entre impulso interior e reação
exterior, de modo que o impulso se torna já uma reação exterior. Impulso e
ação são concomitantes: o corpo se desvanece, queima e o espectador assiste
a uma série de impulsos visíveis. Nosso caminho é uma via negativa, não
uma coleção de técnicas, e sim erradicação de bloqueios.” (Jerzy Grotowski)

Abs,
Andrea Pita.

Outro dia o Diego de Moraes disse...

Outro dia o Diego de Moraes disse que Wally, o Salomão falou:
“Chega de papo furado de que o sonho acabou. A vida é sonho, a vida é sonho, a vida é sonho...” Fui ver, era isso mesmo, num trailer do documentário sobre o cara.
Maravilhoso!
Diego, desculpe aí por não ter dado para incluir outras músicas suas no Cabaré “Pecadinho”. Ainda não deu e o Cabaré acaba agora neste fim de semana!
E lembro do Diego contando as histórias e fofocas do rock.
The dream is over, diria John Lennon, que na música negou Buda, negou Gita...
E lá veio Diego com “Capitô”: “antes de mais nada vou dizer quando foi que o sonho acabou. A carruagem já virou abóbora e na esquina capotou, capitô?”

E a vida é sem pontos finais mesmo , É mal estar da civilização e da sociedade do consumo,Talvez porque os EUA ficam pregando que a qualquer momento o Irã pode soltar uma bomba, Talvez porque petróleo não pára de ser derramado no mar, Porque flower power só se fôr de butique, Eu não tenho culpa, quando eu nasci o mundo já tava assim, o muro de Berlim já tinha caído não vou mudar nada mesmo, Tudo consumado no consumo - empresas dominando população pela alimentação e já não temos condições de saber por quantos lados estamos sendo dominados/comidos e para aliviar nos dopamos com drogas, religião e ou sexo, E engavetamos nossos sonhos, exercitando-os apenas em estados alucinatórios, e a potência é usada para quê? Nunca o homem viveu numa época tão profícua mas também nunca se tomou tanto anti-depressivo , Mundo sem rituais, apelando para eventos macabros, e mais excitantes à medida que mais macabros, pro grotesco fresquinho e surpreendente porém não original dos telejornais-bomba-de-cada-dia, Vivendo no meio de uma guerra onde as identidades são móveis, nunca se sabe pode-se mudar de opinião de um dia para o outro, Não se muda de partido? Não se muda de marido? O que é estável nos tempos atuais? O que fazer? Intelectuais sem papel de transformação, poetas sem poder de persuasão, e Diego pontua “...tantos séculos de evolução para acabar nessa situação: só um nome na lista telefônica!”

É isso, Diego, tá tudo no superobjetivo da peça! Se é que um espetáculo de variedades se presta a isso.


Gostaria de agradecer a todos que participaram da aventura e à oportunidade de dirigir este Cabaré dos meninos do Ritual. Que daqui a pouco vão pro Japão!

Deus os abençoe e os proteja, diz aqui a goiana maternal. Já a dionisíaca diz: que os atravessamentos potentes sejam bem vindos! E depois voltem, do oriente ao ocidente, do espírito à matéria, e que todos entendamos que um influencia inelutavelmente sobre o outro.

E aí, Diego? O que você diria sobre isso? E John Lennon, diria o quê?

Talvez o que os odientos de carteirinha de Yoko Onno não aprovassem.

Mas que a flecha do Oriente seja bem vinda ao coração do Brasil, nunca mais seremos os mesmos.

Corpos-espíritos-culturas diferentes nesta era da diversidade.

P.S. de Diego oferecendo a outra face: “O sonho não me sai do pensamento(...)Quero um refrão pra canção ser um ato de fé!”


Por enquanto, no sábado, só mais um Pecadinho!


Andrea Pita

Progama do "Cabaré Ritual Teatro Bar!"

O Cabaré é tido na história do teatro como um lugar de diversão e de sátira do cotidiano. Enaltecido na época das vanguardas, torna-se ponto de encontro entre músicos, artistas plásticos,poetas, atores e platéia, trazendo um aspecto mais performático ao teatro. Já com Brecht seu potencial de entretenimento crítico não seria mais passível de ser ignorado.

Mas como deveria ser nosso Cabaré? Qual poderia ser o cardápio deste espetáculo de variedades? O que urgia e de que espécie de pajelança queríamos, podíamos e devíamos ser veículo?


Daí o grupo trouxe os 7 pecados capitais. Arrogância, Inveja, Ira, Avareza, Preguiça, Gula, Luxúria. Estes eram os “pecados-cabeça”. Começamos então a nos questionar: mas não existe a Inveja branca? a Arrogância não pode ser considerada até certo ponto importante, senão massacram a gente? a Preguiça tem seu lado bom, que seríamos de nós sem o ócio criativo? e o tempo de lazer na sociedade tecnocrática? como Avareza...? hoje em dia a gente não tem nem pra gente... quanto à Ira, dizem que ela é melhor que a depressão... e como não cometer Gula e Luxúria se provavelmente não houve época mais requintada em termos de sentidos e de prazer, ainda mais tendo a bomba da morte sobre nossas cabeças a cada noticiário.


Sem os 7 pecados capitais, é provável que o homem tivesse estacionado no Jardim das Delícias e com certeza não haveria criado tudo isso que a gente vê! Eles devem ter vindo mesmo é embutidos no DNA humano. E é bem provável que se sintam em família neste capitalismo tardio.


Pois bem, em cena um cantor de rock arrogante;
a nossa inveja clownesca de cada dia;
a sátira aos ditadores mimados-irados que sempre têm seu bando de
imbecis seguidores;
uma avareza que revisita a Commedia dell´arte trazendo de lambuja os
tempos atuais; uma preguiçosa que na era pós-toda e qualquer possibilidade de utopia prefere assistir tudo de camarote do que fazer alguma coisa;
um programa culinário surreal-trash ao vivo na madrugada para os
gulosos de plantão; da luxúria platônica de uma funcionária pública à menina Lolita.


Ao final dividimos a pergunta: em que momentos todos os dias nos machucamos a ponto de tornar a rota humana irreversível? Uma outra pergunta que queríamos fazer mas não temos coragem: irreversível mesmo?

O grupo é acompanhado por uma banda musical de qualidade composta por Bruno Rejan, Randal, Marquinhos e Feijão. E pelas intervenções de Diego de Moraes, um cuiabano de Goiás que interpreta músicas que conversam com a nossa geração.

O espetáculo conta ainda com as participações super-especiais de Edelweiss, João Bragança e Débora Grego, também preparadores do corpo e da voz do elenco.

Andrea Pita

Inspiração...

Olá  galera do Road Movie-Rolé, esperamos que estejam gostando das postagens que estamos fazendo, e já que estamos envolvidos com a nova estréia do grupo Teatro Ritual no dia 22 desse mês, com a edição inédita do Cabaré Ritual Teatro Bar – Pecadinhos..., iremos compartilhar com vocês as grandes inspirações que os atores têm e que são colocadas no papel. O texto que segue abaixo é um relato de sensações que o ator Nando Rocha vivenciou em um dos ensaios do Cabaré. Apreciem sem moderação!!!

     “Experimentei o elemento terra em todas as suas variações : lama, barro, areia, poeira, tijolo.
     Lembrei da minha infância, voltei ao velho bambuzal onde tinha uma pequena mina d’agua e o chão era todo coberto com folhas secas de bambu. Cada passo da caminhada tinha o som estalado das folhas pisadas. O vento também falava por entre os bambus, um som suave que embalava meus ouvidos como uma caricia só interrompida com o som mais grave e masculino dos bambus se cumprimentando com suas batidas no casco um do outro.
     A terra vermelha por baixo das folhas brotava em alguns pontos do caminho.
     Deitei-me nas folhas secas e cavuquei com meu corpo inteiro um caminho por entre a terra como uma minhoca ou uma cobra se enroscando pelo chão.
     Senti uma concentração forte e rente de energia em minhas mãos vibrando depois essa sensação se concentrou em meu ventre como se gerasse outra vida ali como uma gravidez. Essa gravidez se irradiou pelo espaço jorrando laços dourados envelhecidos em todas as direções. Depois essa energia lançou em meu rosto, em meus lábios, bochecha, boca, língua, nariz e testa. Depois nos encontramos como seres da terra em comunhão nos unimos, nossos corpos se uniram fundindo nossas almas, nos tornamos um único ser amoroso e uníssono. Não queríamos nos separar, mas fomos levados a isso. Após a solidão transferi toda essa fusão ao meu próprio corpo redescobrindo novamente eu.


     Terra, terra, terra
     Lábios, pés e mãos
     Corpos e sementes
     Brotando do seu chão
     Teu seio, seiva, selva
     Vagem, broto, grão
     Capim, fruto na relva
     árvores, sombra, meu irmão
     Doce natureza
     Um dia será sã
     O homem e a sua riqueza
     serão expulsos do seu clã.”
  
                                                                 (Ensaio Cabaré - 05/05/10 – Nando)

I BELIEVE no Teatro Goiânia Ouro

“sou um menino moleque
nessa idade é mesmo assim:
quanto mais se morre
menos se acredita que é o fim”.


Sabádo, dia 08 de maio de 2010, às 21h no Teatro Goiânia Ouro, o poema "I BELIEVE", poema de quatro faces de Carlos Brandão (em seus versos estão sua infância, juventude, o que se pode chamar de velhice e aquele homem que é a junção de todas as faces) poderá ser conferido na interpretação de Pablo Angelino no espetáculo solo "I BELIEVE" do projeto SOLO Ritual do Grupo Teatro Ritual.

Uma “Poesia Simples” é neste território que o espetáculo é trabalhado. explorando a simplicidade e a força das palavras do autor. Não aquela simplicidade que remete a falta de domínio técnico, mas sim uma simplicidade que equivale a maturidade de um poeta, de um artista que transcende os limites entre vida e arte. Carlos Brandão é daqueles que expressam o que sentem e quando a gente vê se identifica de imediato, como quando chega uma brisa fresca assim no rosto da gente e nos deixa com aquela sensação de que estamos vivos e não estamos sozinhos, de que tem alguém em algum lugar que sente as coisas parecido com a gente. Um lance bem natural, como pisar no capim descalço, tomar banho de rio ou ler Manoel de Barros.

O Brandão é assim: bacana. Assim, bacana é o espetáculo "I BELIEVE !


Para quem não é muito simpatizante por poesias, prepare-se para ser surpreendido por um verbo rasgado que bate direto, sem rodeios e sem firulas mas sem perder a elegância. Um espetáculo performático-poético-multimídia que utiliza técnicas de teatro de sombras, máscaras e mímica corporal, além de uma vídeo animação super descolada... Imperdível!


FICHA TÉCNICA


Atuação e Criação: Pablo Angelino Texto: Carlos Brandão Iluminação: Nando Rocha Sonoplastia: Ilka Portela Projeção de vídeo: Jô de Oliveira Assistência Técnica em Mímica: Miquéias Paes Vídeo Animação: Mandra Filmes Direção Colaborativa e Produção: Grupo Teatro Ritual



SERVIÇO


LOCAL: TEATRO GOIÂNIA OURO
DIA: 08 de maio de 2010
HORÁRIO: 21:00
VALOR: R$ 10,00 (inteira) - R$ 5,00 (meia)
INFORMAÇÕES: 62 8412-8918 – 62 3208-6880

SINOPSE: O espetáculo "I BELIEVE" conta a história de um homem que tem o coração livre como uma revoada de pássaros. Tamanha liberdade pode as vezes se tornar uma prisão, quando o homem de tão livre não consegue fazer ninho e percebe que tem centenas de flores especiais em seu jardim e por isso mesmo nenhuma é especial o bastante, então ele sai numa jornada em busca de se conhecer, se afirmar querendo mais e mais viver...

Cabaré Ritual - Teatro Bar 2010 !




Vem aí o Cabaré Ritual - Teatro Bar, edição 2010! Maio e Junho, Episódio I: Pecadinhos ... Aguardem (só mais um pouquinho) para se deliciarem !!!!!!!!


Mais informações em breve!


Uma comédia sexy, cool, crasy! Uma loucura feliniana, ébria e pop! Uma delírio performático bufo, palhaço e profano. Afinal, assim caminha a humanidade!?


Brincando com o ambiente de bar com mesas, cadeiras e garçons servindo comes e bebes, o Grupo Teatro Ritual mergulha de cabeça nos sete pecados capitais (ou mais!) para a total diversão do público. Uma celebração mundana e ridicula da dor e da delícia de ser humano, de viver em busca de uma utopia, um sonho de construir o paraíso na Terra!  Juntos vamos celebrar!

Diário de Bordo Teatro Ritual

Queridos amigos que acompanham o Road Movie Rolé, hoje o Grupo Teatro Ritual gostaria de mostrar a importância do relato dos treinamentos ou ensaios, o famoso “Diário de Bordo”. Estamos tentando estabelecer a rotina de escrever as nossas impressões após cada treinamento realizado. Segue abaixo alguns relatos feitos por integrantes do Grupo no retorno dos treinamentos após as férias de Janeiro de 2010:



“... Para mim o trabalho de visualização é uma novidade muito curiosa. Estou interessado em conhecer sua interferência em minha voz. Independente disso o trabalho já interfere muito no meu trabalho, em minha presença. Sinto-me conectado comigo mesmo e ao mesmo tempo expandindo essa conexão com o espaco. Como se eu tecesse um fio direto com algo que vem antes do som, talvez com minha alma, me move algo dentro de mim e provoca um som de um ponto determinado em meu corpo, um chakra. Estou experimentando, sentindo e gostando. Afinal de onde surge o som de nossa voz? Antes mesmo de qualquer ar movimentar/vibrar nossas pregas vocais?” (Nando Rocha, Go. 09/02/10)



“...Hoje no treino, iniciei sentindo algo, uma sensação de impotência, com muitas dores e uma imensa vontade de chorar. Essa sensação foi se transformando durante os exercícios, os alongamentos de hoje foram me ajudando a esquecer das dores que estava sentindo e no momento em que começamos a nos aquecer já estava muito melhor.

Começamos a partir da mímica fazendo movimentos aleatórios contínuos e escolhemos um desses movimentos para trabalhar os dínamo-rítmos....” (Ilka Portela, Go: 10/02/10)


“Impulsos: um trabalho que exige muita sensibilidade, em que não somente o lugar que é tocado precisa perceber mas também todo o resto do corpo e todos os sentidos. Nesse trabalho tentei limpar minha mente e meu corpo de pensamentos, acredito que tenha dado certo. Consegui perceber, entender e corresponder aos estímulos e impulso que minha parceira Andrea me oferecia. Surgiram-me várias sensações cujos movimentos podem ser matrizes para o meu repertório, contudo uma ficou mais impregnada, foi a que senti como se milhares de vespas estivessem picando meu pescoço, aliás muito parecida com uma outra que coletei durante outro treinamento. Pude perceber também em minha parceira, quando a estimulei com impulsos, como podem surgir coisas interessantes que as vezes se identificam com situações ou lembranças.” (Jô de Oliveira, 11/02/10)


“Aquecimento ???????

Uma energia forte e revigorante contagiou todos. Senti como um ritual de retorno, finalmente estamos juntos novamente ao treino .......Força!

Raízes:

Durante as raízes uma estranha dificuldade de encaixe do quadril me incomodou quanto mais abaixava a base, mais dificuldade.

No deslocamento dinâmico, imagens como o tango ou o jogo de futebol me traziam um gás, uma energia revigorante, às vezes bailava como numa milonga, ou driblava num campo de futebol. Uma .....se criou quando Jô saiu chorando. Nos stops descobri hoje que parar nos momentos de transição é melhor, o corpo se surpreende mais. O esforço faz algo ressoar...” (Pablo Angelino,GO: 09/02/10)

I Believe no 2º Festival Nacional de Teatro de Goiânia - “O Manifesto do Teatro Que É”

Saudações a todos!


E também ao segundo trimestre do ano, que começou movimentadíssimo por aqui! Estamos com a casa arrumada e agora a todo vapor! Atualizações no nosso site e criação de diversos novos canais de comunicação foram realizados, para deixar vocês informados de todas as novidades do Grupo Teatro Ritual. Agora podemos ser contactado também pelas ferramentas das rede sociais; Twitter, Facebook, Flickr, You Tube o velho e bom Orkut. (endereços de acesso ao lado).Na revista eletrônica do site, teremos também postagens quinzenais de textos teóricos, produções acadêmicas, transcrições de debates dos festivais e muito mais, não deixem de visitar.

O 2º Festival Nacional de Teatro de Goiânia - “O Manifesto do Teatro Que É”, já está acontecendo em Goiânia. O Grupo Teatro Ritual no sábado agora, 24 de abril, participará como convidado na Mostra Paralela de Teatro do Festival , com a apresentação do espetáculo solo I Believe, com o ator Pablo Angelino, texto de Carlos Brandão. Aguardamos a presença de vocês por lá, o espetáculo acontece as 21h, no Teatro Municipal Goiânia Ouro. Confiram programação geral do festival em: http://www.ciaoops.com.br/.


I Believe com o ator Pablo Angelino

Vejam mais fotos do espetáculo no nosso Flickr e perfil do Orkut).

Cozinha Goiana


O Grupo Teatro Ritual em parceria com a Secretaria Estadual de Educação vem desenvolvendo um trabalho extremamente sério na educação em Goiás. Há quase dez anos Nando Rocha e Pablo Angelino ministram cursos em escolas estaduais, acreditando que é na escola que o gosto pelo Teatro pode ser despertado no indivíduo. Preocupando-se com a formação de público e a sensibilização do aluno o Grupo trabalha o teatro como disciplina extracurricular na escola, oferecendo aos alunos interessados a oportunidade de fazerem teatro, aproximando esta arte cada vez mais de seus cotidianos.Entre os trabalhos na Educação destacam-se os núcleos desenvolvidos no Lyceu de Goiânia, no Colégio Jardim Guanabara e no Colégio Rui Brasil, todos estaduais.

Hoje o Grupo trabalha no projeto de reorientação curricular de teatro da rede, juntamente com o Centro de Estudo e Pesquisa Ciranda da Arte.

O Centro de Estudo e Pesquisa Ciranda da Arte é um órgão da Secretaria Estadual de Educação de Goiás e vem se firmando como um importante pólo de pesquisas e ensino das Artes em nosso Estado. Atualmente, com os grandes avanços em seus trabalhos desenvolvidos, pautados numa perspectiva pós-moderna da Educação, o Ciranda da Arte, além de proporcionar o aperfeiçoamento dos professores de Arte da Rede Estadual de Educação, desenvolve também estudos e pesquisas práticas e teóricas de grande importância, pois acredita que o ensino da Arte está diretamente ligado ao fazer artístico, aos artistas e suas criações. Por isso o Grupo Teatro Ritual e o Ciranda da Arte firmaram uma importante parceria e, juntos, pretendem pesquisar e difundir o resultado de seus estudos em relação ao fazer teatral e suas possibilidades, enquanto campo do conhecimento, possível de ser aprendido e ensinado.

Resultado desta parceria é a criação de um novo núcleo dentro do Grupo Teatro Ritual, o “Núcleo de Criação Teatral do Ciranda da Arte”, este núcleo conta com a participação de professores de Teatro da Rede Estadual de Ensino de Goiás e tem a proposta de criar espetáculos teatrais experimentais, para serem apresentados nas escolas da Rede. 

Confira abaixo a programação de apresentações dessa semana para o novo espetáculo do NCT- Núcleo de Criação Teatral do Ciranda da Arte, o Cozinha Goiana*.

Dia 07/04: Colégio Estadual Cora Coralina às 09:30 e 20:00.

Dia 09/04: Colégio Estadual Governador Joaquim Sobrosa às 09:00
e Colégio Estadual Major Oscar Alvelos às 20:00.

Dia 10/04: VI Seminário do Ensino da Arte no Colégio Emmanuel, dentro da programação do evento.

* Espetáculo produzido pelo Núcleo de Criação Teatral do Centro de Estudo e Pesquisa Ciranda da Arte e Teatro Ritual, que retrata de forma lúdica as diversas delícias da culinária goiana, as curiosidades e  mitos do povo goiano. Uma pesquisa feita com base no livro "Cozinha Goiana" do nosso querido autor Bariani Ortêncio, conhecido por escrever diversos livros que falam da nossa cultura local. Um espetáculo que leva o espectador a um ambiente singelo, com diversas músicas que relembram e contam histórias de pessoas que possuem certa inocência advinda da natureza.

Intercâmbio Argentina

Os atores Nando Rocha e Pablo Angelino do Grupo Teatro Ritual, estiverem em março agora em intercâmbio na Argentina. Ambos participaram de um curso oferecido pelo diretor Gustavo Collini da companhia de teatro Danza Butoh, em Buenos Aires.

O objetivo do intercâmbio foi o de estreitar ainda mais a relação com a técnica do Butoh, dança japonesa que é um dos temas centrais da trilogia de espetáculos Travessia: Três passos em direção ao Butoh, de criação do grupo, o intercâmbio ainda contribuiu na aproximação dos atores com o diretor argentino, que foi convidado para a direção do terceiro e último espetáculo da trilogia, que está em processo de montagem e deverá estreiar em Goiânia no segundo semestre de 2010.


 Diretor Gustavo Collini da companhia argentina Dança Butoh


"Travessia parte III - Metamorphosis”


O espetáculo:

Ampliar fronteiras, expandir territórios imaginários, transformar, mudar, metamorfosear são questões centrais dos espetáculos da Trilogia Travessia. Todas tratadas de forma inusitada e concreta, evocando a sensibilidade e a imaginação do público para um outro nível de comunicação, que transcenda a palavra e o gesto óbvio. Que comunique ao cerne de nossos sentidos, que desperte memórias ancestrais em quem assiste. Que revele o invisível, o indizível e até o impensável. Uma tarefa extremamente difícil que os atores se propõem a realizar concretamente, fisicamente, não apenas intelectualmente mas sobretudo corporalmente, fisicalizando suas sensações, sentimentos e idéias. Esse é o projeto da terceira e ultima parte dessa saga que se propõe a revelar a identidade cultural de seus criadores através do choque cultural e da crise de identidade que segundo os antropólogos reforça e intensifica a identidade local.

Montagem e apresentações:

Em processo de montagem o espetáculo Travessia parte III - Metamorphosis,  inclui ensaios com mestres do teatro Argentina e ainda de Tóquio, além de um estudo de campo junto à uma tribo indígena na Amazônia. A turnê dos três espetáculos da trilogia, deverão seguir pelas cidades de Goiânia-GO, Belo Horizonte- MG, São Paulo-SP, Rio de Janeiro- RJ, Curitiba- PR, além do interior do Estado de Goiás.

O grupo:

Conta com 14 anos de experiência o Grupo Teatro Ritual tem sido premiado e apresentado em festivais e turnês pelo Brasil e Europa. Já se apresentou em Goiânia, interior de Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza, Piauí, Pernambuco, Curitiba, Salvador, Alemanha, Itália, Espanha e Portugal. É reconhecido como um dos mais importantes grupos de teatro de pesquisa de Goiás.



















Travessia parte II - De tão longe venho vindo