"O butô trilha um caminho que tenta romper com o enfrentamento de si e se entrega à força do corpo próprio. É uma busca pelo reencontro com um corpo perdido, um corpo que deseja ser ele mesmo, não mais rejeitado e saqueado." Kayo Mikami (2003)

No penúltimo dia de workshop com Natsu Nakajima, no momento de improvisação experimentei coisas movimentos permeados com ações que de alguma forma mexeram com meu intimo mais profundo, me tirando de racionalidade cotidiana e me transportando para um mundo um estado que eu não conhecia em mim, meu corpo sendo ele mesmo dançando o que ele queria. Minha racionalidade como ser humano que pensa ficou a margem para deixar meu corpo dançar e ser. A única coisa que minha racionalidade me fazia me manter ligada era em não deixar esse estado se esvair, deixar esse estado acionado para continuar improvisando os movimentos e as ações que apareciam. Criei uma história particular para poder relembrar o estado as ações e os movimentos que fiz naquele dia, pois, essa técnica de criar histórias, dar nomes as ações e etc... me ajuda a relembrar as coisas que improviso sempre que preciso. Dividirei com vocês a história que criei neste dia.

“Era uma moça jovem que lavava suas roupas na beira do rio. Até que um dia um rapaz se aproximou dela, ela tímida agachada somente troca olhares com esse rapaz e um dia se entrega a esse Rapaz.
Não estava preparada nem para o amor nem para a morte.
O Rapaz a abandonou e ela sozinha abandonada decide se matar”
Dancei nesse dia o se matando, o estar morrendo.

Ilka Portela

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