Progama do "Cabaré Ritual Teatro Bar!"

O Cabaré é tido na história do teatro como um lugar de diversão e de sátira do cotidiano. Enaltecido na época das vanguardas, torna-se ponto de encontro entre músicos, artistas plásticos,poetas, atores e platéia, trazendo um aspecto mais performático ao teatro. Já com Brecht seu potencial de entretenimento crítico não seria mais passível de ser ignorado.

Mas como deveria ser nosso Cabaré? Qual poderia ser o cardápio deste espetáculo de variedades? O que urgia e de que espécie de pajelança queríamos, podíamos e devíamos ser veículo?


Daí o grupo trouxe os 7 pecados capitais. Arrogância, Inveja, Ira, Avareza, Preguiça, Gula, Luxúria. Estes eram os “pecados-cabeça”. Começamos então a nos questionar: mas não existe a Inveja branca? a Arrogância não pode ser considerada até certo ponto importante, senão massacram a gente? a Preguiça tem seu lado bom, que seríamos de nós sem o ócio criativo? e o tempo de lazer na sociedade tecnocrática? como Avareza...? hoje em dia a gente não tem nem pra gente... quanto à Ira, dizem que ela é melhor que a depressão... e como não cometer Gula e Luxúria se provavelmente não houve época mais requintada em termos de sentidos e de prazer, ainda mais tendo a bomba da morte sobre nossas cabeças a cada noticiário.


Sem os 7 pecados capitais, é provável que o homem tivesse estacionado no Jardim das Delícias e com certeza não haveria criado tudo isso que a gente vê! Eles devem ter vindo mesmo é embutidos no DNA humano. E é bem provável que se sintam em família neste capitalismo tardio.


Pois bem, em cena um cantor de rock arrogante;
a nossa inveja clownesca de cada dia;
a sátira aos ditadores mimados-irados que sempre têm seu bando de
imbecis seguidores;
uma avareza que revisita a Commedia dell´arte trazendo de lambuja os
tempos atuais; uma preguiçosa que na era pós-toda e qualquer possibilidade de utopia prefere assistir tudo de camarote do que fazer alguma coisa;
um programa culinário surreal-trash ao vivo na madrugada para os
gulosos de plantão; da luxúria platônica de uma funcionária pública à menina Lolita.


Ao final dividimos a pergunta: em que momentos todos os dias nos machucamos a ponto de tornar a rota humana irreversível? Uma outra pergunta que queríamos fazer mas não temos coragem: irreversível mesmo?

O grupo é acompanhado por uma banda musical de qualidade composta por Bruno Rejan, Randal, Marquinhos e Feijão. E pelas intervenções de Diego de Moraes, um cuiabano de Goiás que interpreta músicas que conversam com a nossa geração.

O espetáculo conta ainda com as participações super-especiais de Edelweiss, João Bragança e Débora Grego, também preparadores do corpo e da voz do elenco.

Andrea Pita

Inspiração...

Olá  galera do Road Movie-Rolé, esperamos que estejam gostando das postagens que estamos fazendo, e já que estamos envolvidos com a nova estréia do grupo Teatro Ritual no dia 22 desse mês, com a edição inédita do Cabaré Ritual Teatro Bar – Pecadinhos..., iremos compartilhar com vocês as grandes inspirações que os atores têm e que são colocadas no papel. O texto que segue abaixo é um relato de sensações que o ator Nando Rocha vivenciou em um dos ensaios do Cabaré. Apreciem sem moderação!!!

     “Experimentei o elemento terra em todas as suas variações : lama, barro, areia, poeira, tijolo.
     Lembrei da minha infância, voltei ao velho bambuzal onde tinha uma pequena mina d’agua e o chão era todo coberto com folhas secas de bambu. Cada passo da caminhada tinha o som estalado das folhas pisadas. O vento também falava por entre os bambus, um som suave que embalava meus ouvidos como uma caricia só interrompida com o som mais grave e masculino dos bambus se cumprimentando com suas batidas no casco um do outro.
     A terra vermelha por baixo das folhas brotava em alguns pontos do caminho.
     Deitei-me nas folhas secas e cavuquei com meu corpo inteiro um caminho por entre a terra como uma minhoca ou uma cobra se enroscando pelo chão.
     Senti uma concentração forte e rente de energia em minhas mãos vibrando depois essa sensação se concentrou em meu ventre como se gerasse outra vida ali como uma gravidez. Essa gravidez se irradiou pelo espaço jorrando laços dourados envelhecidos em todas as direções. Depois essa energia lançou em meu rosto, em meus lábios, bochecha, boca, língua, nariz e testa. Depois nos encontramos como seres da terra em comunhão nos unimos, nossos corpos se uniram fundindo nossas almas, nos tornamos um único ser amoroso e uníssono. Não queríamos nos separar, mas fomos levados a isso. Após a solidão transferi toda essa fusão ao meu próprio corpo redescobrindo novamente eu.


     Terra, terra, terra
     Lábios, pés e mãos
     Corpos e sementes
     Brotando do seu chão
     Teu seio, seiva, selva
     Vagem, broto, grão
     Capim, fruto na relva
     árvores, sombra, meu irmão
     Doce natureza
     Um dia será sã
     O homem e a sua riqueza
     serão expulsos do seu clã.”
  
                                                                 (Ensaio Cabaré - 05/05/10 – Nando)

I BELIEVE no Teatro Goiânia Ouro

“sou um menino moleque
nessa idade é mesmo assim:
quanto mais se morre
menos se acredita que é o fim”.


Sabádo, dia 08 de maio de 2010, às 21h no Teatro Goiânia Ouro, o poema "I BELIEVE", poema de quatro faces de Carlos Brandão (em seus versos estão sua infância, juventude, o que se pode chamar de velhice e aquele homem que é a junção de todas as faces) poderá ser conferido na interpretação de Pablo Angelino no espetáculo solo "I BELIEVE" do projeto SOLO Ritual do Grupo Teatro Ritual.

Uma “Poesia Simples” é neste território que o espetáculo é trabalhado. explorando a simplicidade e a força das palavras do autor. Não aquela simplicidade que remete a falta de domínio técnico, mas sim uma simplicidade que equivale a maturidade de um poeta, de um artista que transcende os limites entre vida e arte. Carlos Brandão é daqueles que expressam o que sentem e quando a gente vê se identifica de imediato, como quando chega uma brisa fresca assim no rosto da gente e nos deixa com aquela sensação de que estamos vivos e não estamos sozinhos, de que tem alguém em algum lugar que sente as coisas parecido com a gente. Um lance bem natural, como pisar no capim descalço, tomar banho de rio ou ler Manoel de Barros.

O Brandão é assim: bacana. Assim, bacana é o espetáculo "I BELIEVE !


Para quem não é muito simpatizante por poesias, prepare-se para ser surpreendido por um verbo rasgado que bate direto, sem rodeios e sem firulas mas sem perder a elegância. Um espetáculo performático-poético-multimídia que utiliza técnicas de teatro de sombras, máscaras e mímica corporal, além de uma vídeo animação super descolada... Imperdível!


FICHA TÉCNICA


Atuação e Criação: Pablo Angelino Texto: Carlos Brandão Iluminação: Nando Rocha Sonoplastia: Ilka Portela Projeção de vídeo: Jô de Oliveira Assistência Técnica em Mímica: Miquéias Paes Vídeo Animação: Mandra Filmes Direção Colaborativa e Produção: Grupo Teatro Ritual



SERVIÇO


LOCAL: TEATRO GOIÂNIA OURO
DIA: 08 de maio de 2010
HORÁRIO: 21:00
VALOR: R$ 10,00 (inteira) - R$ 5,00 (meia)
INFORMAÇÕES: 62 8412-8918 – 62 3208-6880

SINOPSE: O espetáculo "I BELIEVE" conta a história de um homem que tem o coração livre como uma revoada de pássaros. Tamanha liberdade pode as vezes se tornar uma prisão, quando o homem de tão livre não consegue fazer ninho e percebe que tem centenas de flores especiais em seu jardim e por isso mesmo nenhuma é especial o bastante, então ele sai numa jornada em busca de se conhecer, se afirmar querendo mais e mais viver...